Por Ana Lucia SantanaErnesto Rafael Guevara de la Serna
nasceu no dia 14 de junho de 1928, em Rosário, na Argentina.
Primogênito entre os cinco filhos de Ernesto Lynch e Célia de la Serna y
Llosa, teve sua formação ministrada principalmente pela mãe, figura
forte em seu desenvolvimento político,
pois apesar de ser católica, cultivava um ideal esquerdista em sua
família, e mantinha relações com outras mulheres também muito
politizadas.

Desde cedo Ernesto sofreu com crises freqüentes de asma, sua bombinha
era companheira inseparável. Devido à doença, estudou inicialmente em
casa, acompanhado pela figura materna, em meio a obras de Marx, Engels e Lênin.
Na adolescência ele já cultivava o hábito da leitura, ao lado de
autores como Júlio Verne, Baudelaire e Neruda, entre outros. Aos 12
anos, por causa dos surtos asmáticos, sua família mudou para Córdoba,
onde morava próximo a uma favela. Apesar das barreiras sociais vigentes
entre as classes mais prósperas na Argentina, Ernestito, como era
conhecido, fez muitos amigos entre os favelados. A partir de 1944, a
situação financeira da família começa a declinar e Che Guevara vai
trabalhar como funcionário público, prosseguindo com os estudos. Ao
entrar na Universidade, muda-se com os familiares para Bogotá e segue
estudando Medicina, com um interesse especial pela lepra, e trabalhando
para ajudar nas despesas de casa. Nessa época ele é dispensado pelo
Exército por não possuir os atributos físicos necessários para o serviço
militar.
Após a Segunda Guerra Mundial,
cresce a oposição a Juan Domingo Perón, e Guevara participa dos
protestos. Em 1951, ele inicia ao lado do amigo Alberto Granado e da
antiga companheira, a moto chamada por eles de “La Poderosa”, a viagem
que irá mudar a sua vida. Ao longo de um tour pela América Latina, não
exatamente por pontos turísticos, mas por minas de cobre, aldeias
indígenas e leprosários, convivendo com os oprimidos, olhando a
realidade de um outro ponto de vista, mais crítico, durante oito meses,
Ernesto modifica sua visão política, antes nacionalista, e escreve um
diário sobre esta jornada fundamental em sua vida. No Peru ele pôde dar
vazão á sua dedicação especial aos leprosos, quando então decide se
especializar nesta doença. Indignado com as injustiças sociais que
testemunhou, Guevara retorna para a Argentina, conclui o curso de
Medicina e passa a se dedicar à política. Em julho de 1953, ele dá
início à segunda travessia pela América Latina, passando pela Bolívia,
Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador e Guatemala, com seu amigo Ricardo Rojo.
Na Guatemala Guevara conhece sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea
Acosta e o futuro amigo Ñico Lopez. É ele que posteriormente o
apresentará a Raúl Castro, no México. Ernesto presencia, na Guatemala, a
dominação norte-americana se impor com tanta facilidade, instalando no
comando do país um ditador subserviente aos interesses imperialistas,
que, inconformado com a passividade da população local, percebe
imediatamente o quanto é fundamental combater essa política dominadora.
Através dessas experiências, Guevara tece sua consciência política e
opta pelo caminho revolucionário. Em 1954, dá-se o tão esperado encontro
entre Ernesto e Raúl Castro, que o apresenta a seu irmão Fidel Castro.
Este é, neste momento, o líder do grupo M26, ou Movimento Guerrilheiro
26 de julho, alusão à tomada do Quartel Moncada, em 1953, durante a qual
Fidel tentou render o mais conhecido reduto de presos políticos em
Santiago. Guevara está entre os 82 seguidores de Fidel que partem ao
lado deste para Cuba, em 1956, depois de um célebre debate político
entre Castro e Guevara, que se estendeu ao longo de uma noite inteira, e
que definiu a participação de Ernesto neste movimento revolucionário
que tentaria obter o controle de Cuba. Apenas doze deles resistem à
morte em Sierra Maestra, após o desembarque em Cuba, no dia 25 de
novembro de 1956. Apesar dos reveses, a vitória sobre a ditadura de
Fulgêncio Batista foi completa. Guevara se torna um cidadão cubano em
1959 e transforma-se em um homem poderoso, o segundo na hierarquia.
Muitos especialistas acreditam que sua formação marxista-leninista
influenciou decisivamente Fidel na opção pelo comunismo soviético e na
oposição aos Estados Unidos. Outros crêem que a reação radical dos EUA é
que levou ao alinhamento com a URSS.
Embora tendo em Cuba todos os privilégios de um homem no poder, Che
desejava levar a toda a América Latina o sonho revolucionário, e queria
para isso o apoio cubano. Assim, abandona o governo e segue como guerrilheiro
atrás dos seus sonhos. Mas, ao contrário da vitória cubana, ele agora
só alcança derrotas – na Argentina, em 1964, quando vários membros de
seu grupo são mortos; a outra no Congo Belga, depois chamado de Zaire e
hoje conhecido como República Democrática do Congo; e finalmente na
Bolívia, quando é morto, em nove de outubro de 1967. Apesar de ter
entrado na Bolívia oculto, sem a barba e a boina que tinham se tornado
características tradicionais dele, em novembro de 1966, ele não
conseguiu escapar de seus algozes. Seu objetivo era criar um campo de
treinamento da guerrilha, em um deserto no Sudeste do país. Mas foi
preso no dia 08 de outubro, pelo exército boliviano, treinado pelos
norte-americanos, e no dia seguinte executado com a autorização do
presidente do país, o general René Barrientos, em uma escola da aldeia
de La Higuera.
Com dúvidas sobre a identidade do guerrilheiro, seus executores
amputaram suas mãos, na tentativa de reconhecer o corpo. Seus restos
mortais ficaram por algum tempo ocultos, sendo encontrados em 1997,
quando se comemorava os trinta anos de sua partida, enterrados no
aeroporto de Vallegrande. As mãos foram misteriosamente contrabandeadas
para Cuba. Hoje, Guevara é conhecido mundialmente como um dos mais
célebres revolucionários de esquerda e até a revista Time Magazine o
considerou uma das cem pessoas mais famosas do século XX.
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