Recursos como próteses para substituir neurônios, máquinas que constroem DNA, coração e até um outro cérebro permitirão que a próxima geração viva pelo menos até os 150 anos – e as sucessoras, ainda muito mais.
O ano será 2045. Ele marcará o início de uma era em que a medicina
poderá oferecer à humanidade a possibilidade de viver por um tempo
jamais visto na história. Órgãos que não estejam funcionando poderão ser
trocados por outros, melhores, criados especialmente para nós. Partes
do coração, do pulmão e até o cérebro poderão ser substituídos.
Minúsculos circuitos de computador serão implantados no corpo para
controlar reações químicas que ocorrem no interior das células.
Estaremos a poucos passos da imortalidade.
Tanta certeza está sustentada nos avanços já obtidos e naqueles que
certamente virão. Só para se ter uma ideia, a partir do que se tem hoje,
acredita-se que uma criança que acaba de nascer tem grandes chances de ultrapassar os 130 anos.
Um dos fatores mais importantes associados ao tempo de vida de um
homem é sua genética. Seu DNA aponta qual será sua vida média e também
pode trazer alterações que o predispõe a doenças.
Por isso, boa parte dos esforços está concentrada em inventar recursos
que interfiram no material genético de cada um. Um dos mais fantásticos é
uma máquina que lê e muda a estrutura do DNA. O cientista George
Church, de Harvard, por exemplo, criou um DNA artificial com um aparelho
feito por ele, chamado Mage. O equipamento fabrica cerca de quatro
milhões de genomas por dia. Com o invento, Church diz que com ela é
possível mudar o código genético, os órgãos e tecidos.
Pesquisadores conseguiram, entre outras façanhas, mudar o gene de
pacientes com hemofilia do tipo B, distúrbio genético caracterizado por
sangramentos prolongados. O feito, realizado pela Universidade Estadual
de Campinas, em São Paulo, em parceria com a Universidade de Filadélfia,
foi alcançado inserindo o gene certo – responsável por determinar a
fabricação de fator coagulante do sangue – dentro das células de seis
pacientes.
Na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, cientistas descobriram
que a molécula CCL11 acelera o envelhecimento cerebral. Agora, buscam
uma forma de impedir sua atuação. E em um trabalho premiado pela
fundação dirigida pelo inglês Aubrey de Grey, o pesquisador polonês
Andrzej Bartke usou hormônios para estender a vida de ratos por até
1.819 dias. A expectativa de vida desse animal é de 360 dias.
Tudo isso dá ainda mais fôlego a quem acredita que um dia o homem será imortal.
“A ideia de viver para sempre pressupõe que nossas moléculas se renovem
e, mesmo assim, continuemos com a sensação de sermos a mesma pessoa”,
disse o pesquisador George Church. “E posso afirmar que somos capazes de
mudar essas moléculas e continuarmos sendo quem somos.”
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